Escrever, ler, resistir/existir.
Foi esse o espírito que gestou Mulheres na Escrita, a feira literária, voltada para o trabalho de autoras brasileiras. A primeira edição descobriu um público brasileiro ávido e interessado, que não tem acesso às obras dessas mulheres no nosso idioma. Em junho do ano passado, mais de 400 pessoas acompanharam sketches, debates, palestras e bate-papos em torno de contos, romances e poesias enquanto as crianças se divertiam com rodas de música, leitura e teatro. A iniciativa do coletivo Mulheres da Resistência no Exterior parte agora para a segunda edição, tornando a feira um evento anual no calendário de Nova York.
Em 2019, a prosa poética de Conceição Evaristo emocionou a platéia, que teve a oportunidade rara de fazer perguntas à escritora. Conhecidas também na política institucional, Manuela D'Ávila e Marcia Tiburi conversaram sobre literatura, feminismo e resistência. Sobre os livros na compreensão dos presentes e na construção de futuros. E por falar em mulheres Extraordinárias, Duda Porto de Souza deu o microfone a meninas que leram trechos do livro ("Extraordinárias, Mulheres que revolucionaram o Brasil") que conta histórias de brasileiras incríveis! Painéis com escritoras independentes que resistem às tradições do mercado literário tradicional, uma mesa de novas escritoras, como a jovem Nalu Romano, que tempera sua poesias com o bom humor e a acidez dos dilemas cotidianos , outra com dicas a respeito do mercado literário americano e uma conversa muito saborosa com Raíza Costa, mais conhecida como Rainha da Cocada, sobre o livro de receitas e os truques da culinária sem medo de ser feliz também fizeram parte da programação.
Mas não foi só... A exposição “Mulher, tira esse texto da gaveta” abriu espaço para muitas apresentarem ao público trabalhos, ensaios e pensamentos que nunca tinham sido partilhados. O varal de ideias, depoimentos e poemas tem bem o espírito do Mulheres da Resistência no Exterior, grupo de imigrantes brasileiras que promove encontros e ações voltados para a construção de uma sociedade mais justa. E sem arte, não dá! Sem livros, impossível!
Aqui fora, a literatura brasileira é ainda mais vital. Ela nos reconecta com nossa história, nossa cultura, nos traz de volta a um estar no mundo que queremos também compartilhar com nossos filhos, os filhos dos amigos, e transmitir a eles, como a literatura consegue fazer tão bem, toda uma gama de significados e sentidos que nos faz únicos e coletivos.
